Preencher o vazio

Não fale,

Não chore,

Só ande,

Não corra,

Perigo,

Constante,

Em sol,

Ou garoa.

Vingança que mata,

Amor que perdoa,

Solidão que acolhe,

Multidão,

Vazio amontoa.

Corre coração,

Apresse essa chegada,

Não sei o que me entristece,

Se é o excesso do tudo,

Ou a falta do nada.

Fujo,

Estrada desnivelada,

Buracos,

Pedras no caminho,

Poeira,

Não enxergo nada.

Sou guiado pela intuição,

A mente cansou,

Coração bomba,

Como máquina a vapor,

A alma quer partir,

Sumir,

Viver em paz,

Longe daqui.

Sente o cheiro do mato em pleno asfalto quente,

Ouve grilos e pássaros,

Atordoado pelo barulho produzido,

Por desafinado trânsito.

As estrelas aqui se escondem,

Tem vergonha de aparecer em tão poluído céu,

A lua,

Por dó,

Chega mansinha,

Encoberta,

Escondida atrás do véu.

Passo a vida a escrever no papel,

Para que?

Mal será lido.

Só para preencher o vazio,

Encoberto pelo chapéu.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 14/01/2022
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