Vala, vela e caixão
Cavo,
Procuro,
Arrebento os dedos.
Tamanha vontade,
Que nem penso,
Do quanto tenho medo.
Percorro cada canto,
Me abro,
Me viro,
Do avesso.
Vejo o fim,
Mas não acho o começo.
Ré, começo,
Recomeço,
Reconheço ser difícil,
Voltar ao início,
Depois de tantos tropeços.
Calos,
Feridas,
Que não cicatrizam,
São tantas partidas,
Não somos os mesmos.
Vícios,
Telas,
Mentiras nas nuvens,
A nossa inocência,
Se perde no meio.
No meio que a bola rola.
Falta!
Lateral,
Escanteio,
Atacante de frente para o gol,
No chute,
Acertou o zagueiro.
O menino em mim morreu,
Restou a lembrança,
Carrego os anseios.
A bola não rola,
A grama asfaltada.
E o tempo destrói a criança,
Seca a esperança,
Traz dores,
Do corpo e da alma,
Limita,
Faz ir,
O que ainda não veio.
Calma!
Prazer é vontade que passa,
Lute pelo que pode comprar o dinheiro,
Desejos saciam com água,
Levante do sono,
Deixe os sonhos no travesseiro.
Não pense,
Pois há perigo,
Conhecimento arrebenta esteios,
Crime é não ser compassivo,
Quando te ofendem,
E te apontam o dedo.
Legislação é para os "grandes",
Em domínio dos "pequenos".
De assalto,
Perdeu sua alma,
Dominaram o seu corpo,
És peça,
Máquina em produção.
Doutrinaram sua mente,
Recriaram uma fé,
Onde Deus é exploração.
Se enquadre,
Ou será enquadrado,
E que o grande líder,
Te conceda a permissão,
De morrer com dignidade,
Ceda a vala,
Vela,
E também seu caixão.