MARIA

No abrigo em silêncio, tu chegaste Maria

Foste tão bem acolhida no teu novo lar

Com uma boneca, sempre agarradinha

Pois sozinha, Maria, não queria ficar.

 

De onde tu vens? minha linda Maria

Por aqui ninguém sabe bem informar

Dizem que tua morada era nas ruas

Somente um cãozinho a te acompanhar.

 

Contam que com tua mãe aprendeste

As belas bruxinhas de retalhos fazer

Vestidas com roupas de todas as cores

As quais tu vendias para sobreviver.

 

Hoje, Maria, tu não falas mais nada

Expressa-se apenas, com o teu doce olhar

Sente-se alegre ao ser abraçada

E teus olhos sorriem querendo falar.

 

Ès tu, Maria, uma idosa tristonha

É que a tua história, não sabes contar

A bonequinha que carregas nos braços

Representa uma vida, que ficou para lá.

 

Fátima Fontenele Lopes

Rascunhos da Alma