De casa ao mercado
Levanto e caminho, vou no mercado levando minha pobre bilheteira tão generosa e tão estéril,
Deslizo suave minha mão entre laranjas e memórias oxidadas, escolho algumas entre carências e alguns pudores inúteis,
Continuo naquele corredor escolhendo alimentos , tentando algo impossível e desafiador, sei que nada justifica essa inoportuna e diária rotina, esses anos com hora marcada, essa impotente vontade de ser algo mais que atira a queima roupa e nao me deixa fazer nada.
Pago e vou embora seguindo meu próprio rastro, ninguém me pergunta coisas que sei, ninguém usa a verdade por vocação,
Entre a abundância e o necessário existe um pouco de utopia e vaidade.