Eu sou o último poeta marginal vivo
Era virada do ano
Eu fiz que fiz
Até que fiquei bêbado
E me permiti escrever
Em silêncio, sozinho
Com minha gata me
Vigiando.
Todos tem medo
E eu também
Quando eu bebo
Eu viro no diabo
E não há exu que me segure.
Na minha vontade de fazer merda
Me drogar, me foder
Foder bucetas ruins
Mandar mensagem
Pra quela garota que trepei na praia
Em 2016.
E aqui estou
Meia garrafa de whisky depois, umas latas de cerveja e uma champanhe ruim
Eu sei que sou pai, profissional do ano, atleta, o cara que as pessoas se inspiram na minha família
Mas
Apenas aqui
Sozinho
Bebado
Em silêncio
Talvez até
Querendo me drogar
Sair por ai com meu carro
Sozinho
Em busca daquilo
Que
Eu jamais vou ter
Eu saiba
Que também sou um miserável
Auto-destrutivo
O último
Poeta marginal
Vivo
E que se o Tordo azul
Não respira
Nos dois não podemos viver