ANO NOVO

De novo tudo chega ao fim como num teatro infame

Do vexame a dor de se sentir culpado do erro claro e oriundo

De ver a face d’outro mundo esperado e moribundo

De ver o seu sentimento exonerado e descartado - imundo...

De novo a dor de se ter terminado um tempo

De ter-se entregue ao vento morno do verão eterno infindo...

De ver enfermo o verdadeiro inferno vívido efêmero e lindo

Num tédio exclusivo... num decisivo erro, derradeiro verbo

Uma palavra apenas... amor ...

Da dor de se sentir ausente, de estar surpreendentemente pálido

Da saudade que é proibida ao que foi julgada pobre, mas eterna

Num frio inverno de constantes flexas incidentes

Num mero gesto de gratidão e indeciso flerte

Erguer-te num patamar de espúrio enlevo

A destonar do acidental relevo dos sentimentos puros

No total desprezo do tempo obscuro e fático...

Na síntese de se amar demasiadamente plácido...

Eder Mag
Enviado por Eder Mag em 31/12/2021
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