ANO NOVO
De novo tudo chega ao fim como num teatro infame
Do vexame a dor de se sentir culpado do erro claro e oriundo
De ver a face d’outro mundo esperado e moribundo
De ver o seu sentimento exonerado e descartado - imundo...
De novo a dor de se ter terminado um tempo
De ter-se entregue ao vento morno do verão eterno infindo...
De ver enfermo o verdadeiro inferno vívido efêmero e lindo
Num tédio exclusivo... num decisivo erro, derradeiro verbo
Uma palavra apenas... amor ...
Da dor de se sentir ausente, de estar surpreendentemente pálido
Da saudade que é proibida ao que foi julgada pobre, mas eterna
Num frio inverno de constantes flexas incidentes
Num mero gesto de gratidão e indeciso flerte
Erguer-te num patamar de espúrio enlevo
A destonar do acidental relevo dos sentimentos puros
No total desprezo do tempo obscuro e fático...
Na síntese de se amar demasiadamente plácido...