Contraste
O corpo que sofre não para,
A mente adoece,
Bloqueia,
Humanos transformam-se em máquinas,
Desejos que nunca saciam,
Vontade que desencadeia.
A alma se esconde em um canto,
Dos outros,
Vira prisioneira,
Reclama de boca calada,
E vive de barriga cheia,
É pão, farinha e água,
Se entorpece com uma cerveja.
Nem flores,
Nem cheiro de morte,
Carniça,
Urubu que rodeia,
Quando criança sonhava em ser gente,
Depois de adulto,
Nem resta a caveira.
Coveiro,
Da cova dos leões,
A pá,
Escondida entre cuecas e meias,
Enterra a prova do crime,
Ganância que rompe fronteiras.
Hoje é terça,
Dia de feira Dona Maria,
Frutas e legumes para seu lar,
Com qualidade e garantia.
Conta as moedas,
O dinheiro não dá,
Espera o horário da xepa,
Sem regalias,
Consome o que foi descartado,
Recicla,
Como tudo na vida,
Para não faltar na ceia.
O mundo é injusto,
Disse Maria,
Para seu Antônio da feira,
Gente com muito,
Outros com nada,
Lugares sofrem com seca,
Outros acabam com a cheia.
Praias,
Montanhas,
Florestas,
Geleiras,
Mas meu limite é onde os olhos chegam,
Aquele que pode,
Diz ser feliz,
Dinheiro é um deus,
Limites, a fé desbloqueia.
Nos ensinam a felicidade,
Ela não rompe fronteiras,
É força frente a vontade,
É não ter o que desejas.
Se conforme com o padrão,
Anjos protegem e rodeiam,
Cada dor uma lição,
O Deus,
O destino cerceia.
Respostas?
Na religião,
O medo que o inferno permeia,
Aqui somos todos irmãos,
Muitos com fome,
Outros ostentação,
Assim é nossa natureza,
Cada um por si,
E que Deus nos proteja.