RAZÃO DE VIVER
O gosto da ferrugem ainda arde na garganta
Pelo fato de que o grito não saiu...
Pela frase nunca dita...
A mente ainda vaga delirante nas ideias do passado
Agora tão distante e desolado, sem valia...
De nada adianta mais a luta pela utopia, pelo paraíso tão perdido...
Se foi, fugaz, no mais importante de todos os sonhos coloridos...
O que ainda resta?
A morte te vigia pela fresta da janela entreaberta...
O tempo urge! Acabou-se a festa... Os delírios desejados vão embora...
E se descobre que a Noite Escura é a Senhora desses sonhos...
Não haverá mais causas ou lutas definidas...
A vida é finda, a força acabada se esvai sem piedade
Na crua realidade da velhice entorpecida, o sonho de uma vida justa
Se desfaz à custa de uma desistência imposta e empedernida...
E assim se finda a vida...
Destituída dos valores mias lutados, defendidos...
Sem sequer ter um amigo que lhe diga:-
“valeu a pena ter vivido essa vida!...”