DESCOBERTAS

Olho-me, e não me vejo

Ou... não me reconheço no que vejo

Talvez o que vejo não seja o que pensei ser

Talvez o que fui sufocou o que sou

Talvez eu não queira revelar o que sou

Tanto tempo tentando criar uma versão

Que se adequasse aos ditames da sociedade

Como pintinho que pra nascer quebra a casca

Comecei esse processo no interior do meu ser

Sair da casca que me aprisionava

Ah, mas romper essa casca por vezes assusta

O que vejo brotando,

desafia e assusta

Ser de verdade, despir-se de modelos

Aceitar-me como sou

Entender as minhas vulnerabilidades

Compreender minhas explosões

As erupções dos vulcões adormecidos

Os altos e baixos do meu humor

As minhas fases e faces

Até então desconhecidas ou preteridas

Vão surgindo e me trazendo de volta pra mim

Muito prazer:

seja bem-vinda a este corpo que é teu

Faz nele tua morada

Vivendo a descoberta de ser

Sendo de verdade

Na singularidade e pluralidade do ser.

 

(Poema publicado na Antologia Escritas de Si - Edições & Publicações)

 

Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 08/12/2021
Reeditado em 08/12/2021
Código do texto: T7402588
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