Tanto por Nada

Me preparo para guerra,

Quero entrar para vencer,

Eu estudo estratégias,

Melhor armamento obter.

Buscar uma força interna,

Foco e mira aprender,

O treino me torna capaz,

Para em campo sobreviver.

Quero o front na batalha,

O outro exército deter,

E o inimigo interno,

Aprisiono para crescer.

Quando próxima a vitória,

Ataco pelo poder,

O controle que buscava,

Prestes a acontecer.

Eu que tanto quis a guerra,

Descobri que quero a paz,

Desertor carrega culpa,

Continuar não satisfaz.

Um campo que é de guerra,

Transformar em milharais,

Cada espiga,

Uma granada,

Que é deixada para trás.

Ter as frutas, hortaliças,

Pasto para os animais,

Fugir desta guerra fria,

Que tanto mal me faz.

Artilharia pesada,

Estuda para ser mais,

Patente e cargos não nos define,

Nem o mercado de capitais.

Deus nos deu a Terra,

Dela, brota os cereais,

Cobrimos com cimento e pedras,

Suor e sangue escorrem,

Lágrimas,

Aproxima a morte,

E o tempo não há mais.

Tanto esforço para guerra,

No fim,

Encontrará a tão sonhada paz?

A patente é repassada,

Lápide sem o cargo alçado,

Sonhos nunca realizados,

Homem cresce,

Cala o menino.

É o que chamam de destino,

Um roteiro sem chegada,

Imposto pelo medo,

Um caminho sem pegadas.

Cada vitória um selo,

Que não vale de nada,

Títulos, cargos obscenos,

Poder por poder,

Para nada.