Meus lamentos
Não havia o que fazer naqueles dias de chuva e pouco a pouco a rua transbordava vertiginosamente num turbilhão furioso arrastando restos e lixos, limpando miasmas e pegadas, sacudindo o silêncio.
Ali a distância quebrantada de impurezas deixava visível todas as feridas duma cidade esquecida e mal cuidada.
Subitamente estava desolado, essa noite escura e tempestuosa era uma tragédia estranha e profunda, tudo ali era brutal,
A solidão,
A profundidade imóvel,
A noite obscura ,
As paredes brancas refletindo meus lamentos,
Agora deitado, ouvindo apenas o capricho da água no telhado tudo era paz novamente, abandonei pensamentos e voei invisível no meu próprio esquecimento.