A Greve
As pessoas vão chegando à praça.
A praça é mágica.
Quem pisa dentro de seus limites
desaparece na massa.
A massa cobre toda a praça.
A massa não tem olhos nem ouvidos;
tem boca e grita.
Também tem braços , muitos braços,
que se levantam e abaixam numa onda.
Depois muda a sua forma, se alonga,
e sai deslizando pela avenida
até chegar em outra praça, onde tudo termina.
Então, assim que pisam fora do círculo mágico,
as pessoas se refazem.
Agora, é cada um com sua tristeza,
sua mágoa, sua saudade, seu desgosto.