Banho
Matutino, vespertino e noturno.
Um ritual sagrado e atemporal
Herdado cinco vezes ao dia pelo ancestral brasileiro nativo.
Lava o corpo, hidrata a alma banindo todo mal.
De chuva, de cheiro, de mar e abô.
Momento íntimo entre o ser e o transcender.
Ervas, essências, artificial, a completude é de flor.
Desde o nascimento segue o crescimento e finda no falecer.
Se a água é a vida e a terra é a morte...
Seriam os porcos imortais em seus banhos de lama?
Está tão entranhado em nós esse espetáculo e que atire o primeiro sabonete
Aquele que após um ônibus lotado, um hospital infestado e um cemitério silenciado por um banho clama.
Dissera alguém aos ventos, lugar de chorar é na cama pois é quente.
Quentes são as lágrimas transubstanciadas de potencia sentimental.
O Choro no banheiro é melhor, pois entre lágrimas aromas e o inundar do chuveiro.
Abafa-se, resfria-se, acalma-se e revigora-se numa consolação natural e maternal.
É no banho que estamos em equivalência perpetua.
Eu e você, homens e mulheres, adultos e crianças, seres humanos e políticos brasileiros
Nus, como vieram a esse mundo, despidos de suas singularidades.
Para purificar-se da rotina da contemporaneidade. Exceto os últimos estes são irremediáveis.