Chuva de Palavras

Palavras são chuva sobre minha cabeça

As vezes é uma garoa fresca e refrescante,

Geralmente é tempestade de raios e trovões.

Nuvens carregadas pairam no ar

Só esperando o momento de despejarem violentamente uma chuvarada.

As vezes tenho como guarda-chuva

Sentimentos de paz e contentamento,

Mas via de regra, me encharco inteiro

E não tenho como me secar,

Pois a pele, a roupa já absoveram

De modo tal e impregnaram tanto

Que é como se fosse parte de mim.

As vezes as coloco para fora,

Frequentemente não.

E de repente o que era uma chuvinha, se tornou torrencial,

Provocou uma enchente como as cheias do Nilo.

De vez quando um rio navegável,

Próprio para banhistas.

Só que na maioria das vezes, águas profundas e tormentosas,

Sempre molha o chão de minh'alma,

De quando em vez tornando o solo fértil e perfeitamente agricultável.

Mas geralmente, um terreno enlameado difícil de ficar em pé.

Lama essa que sempre mancha minhas roupas brancas.

[...] chove chuva, chove sem parar[...]

(ler cantando)

Constante chuva fina e insistente

Com momentos de toró

De ideias e argumentos em discussões sem adversários.

Tal qual nefelibata esfomeado que sou

Devoro as nuvens das palavras

Que sei que nunca vou dizer

É o mesmo que chover dentro da casa que moramos.

Em dias de céu cinzento e carregado

Onde se abrigar?