TARDE AZUL
Tarde morna e azul, quão bom cafuné sonolento.
Acaricio com verdes olhos as distâncias além.
Detrás da serra encerra a curva fresca do vento.
Calado calo, suspiro, os segredos que me contém.
Destravo incontido, por puro sentir descauteloso,
Um sombrio brilho de pertencimento integrado
Onde do alpendre - mirante - viso vislumbroso,
À terra que nasci, criei, aonde a ela serei levado.
Passa o dia passa a noite, passa o sol e a bela lua,
Só não passa a vontade vã de ser no eterno agora,
Não dual, plenamente colimado, quiça a mente nua,
Terra frondosa e ampla que nos possui: doce aurora.
A exteligência da terra se conecta com minha inteligência,
Ambas nutrem a matéria viva que na mente, sente, vida.
Acelera o coração no afã de cultivar a dura paciência
E acalentar o seguir sem endeusar, a luz que me convida.