Quem nunca?
Quem nunca acordou
Sem coragem para levantar?
Quem nunca passou
Horas a fio a chorar?
Quem nunca teve vontade
De rever quem não está mais aqui?
Quem nunca, de verdade,
Já teve vontade de sumir?
Quem nunca sentiu medo
De lidar com o diferente?
Quem nunca ouviu um segredo
E quis passar para frente?
Quem nunca quis pegar um trem
E viajar sem destino?
Quem nunca desejou ter alguém
E viver um amor genuíno?
Quem nunca quis passar o dia
Com seu artista preferido?
Quem nunca sentiu alegria
De andar num campo florido?
Quem nunca sofreu injustiça
Em alguma situação?
Quem nunca sentiu preguiça,
Dor, angústia e decepção?
Quem nunca viveu um amor,
Aquele de tirar do prumo?
Quem nunca teve terror
De na vida, ficar sem rumo?
Quem nunca chorou de rir
Ou riu da barriga doer?
Quem nunca insistiu
Em algo que deveria esquecer?
Quem nunca de cabeça quente,
Disse algo da boca pra fora?
Quem nunca ficou impaciente,
Diante de uma demora?
Quem nunca fingiu o que sente
Ou desejou voltar atrás?
Quem nunca se sentiu carente,
Deprimido, feio ou incapaz?
Quem nunca acordou assustado
De um terrível pesadelo?
Quem nunca sonhou acordado
Ou chorou com dor de cotovelo?
Quem nunca tentou esquecer
Um amor inesquecível?
Quem nunca tentou ser,
Em algum momento, invisível?
Quem nunca julgou pela aparência
Ou tentou esconder sua fraqueza?
Quem nunca ignorou as evidências
E insistiu, mesmo na incerteza?
Quem nunca?
Amei a interação, amigo Chico, gratidão!
Florido versar
Quem nunca te leu
Não sabe o que perdeu
Mas quem te leu percebeu
Que teu verso floresceu.
(Chico Legal)