Olho
O olho na espreita,
Quer te incriminar,
Regula a aparência,
Teu jeito,
E o teu andar.
É a medida da balança,
Querendo te enquadrar,
É moral,
É retidão,
Pelos seus passos,
Nunca dados,
Te obriga a caminhar.
Não te pergunta se é feliz do jeito que é,
Da tua vida desconhece,
Mas mete a colher,
Vive em um mundo de ilusão,
Duvida da fé,
Modelo de intolerância,
Que mantem-se em pé.
A fala mansa é artimanha,
Para falar o que quer,
E o seu jeito delicado,
Mascara quem é,
Uma vida que é perfeita,
É igual maré,
Esconde um fundo obscuro,
Onde a luz não chega,
Sua santa sé.
A vida não importa,
Para o que ela pensa,
Sempre fez as coisas,
Busca recompensas,
Nos padrões se encaixa,
De vida perfeita,
E regula o fogo,
Arde,
Inflama e queima.
Nascemos em um mundo pagão,
O medo é criado,
Só há salvação,
Se paga o pecado,
Da religião.
Vivemos em contradição,
Oprime o desejo,
Esconde as fraquezas,
Não é porta retrato,
Se enquadra ou não.
O começo do fim,
Histórias,
Memórias,
E a tua lente,
Não serve pra mim.