À FLOR DA VIDA
À FLOR DA VIDA
Na relva mínima do pasto ou na selvagem selva de pedra
Pequena, mínima, serena, singela, nem menor nem maior
Que uma margarida, no tamanho certo a céu aberto floriu
A Flor da Vida. Contra todas as invectivas, resistiu ao sol
A pino, à ureia do menino, à tempestade, trovões e raios
Às radiações estelares, emanações cósmicas à inundação
À chuva de verão, à urina caprina, os espinhos cresceram
Em seu entorno, mas suas pequenas pétalas brancas estão
Lá, em socorro da pracinha na cidade esquecida, no jarro
De barro onde plantou a saudade do Tempo, Mariazinha
No coreto da praça, nos degraus de acesso à Igrejinha, no
Pátio do Colégio, na mesa da professora, a dona Glorinha
Na beira da estrada, no coreto da pracinha, o quintal onde
Brincam crianças sob a guarda de uma velhinha. A flor
Em sua impositiva existência penetrou na alma tristonha
E mal-amada da mulher azeda. O milagre de sua simples
Realeza tornou seu azedume dócil à evidência da beleza.