gerações
minhas veias
afluentes
de guerreiras
no ventre
de todas
as moradas
a primeira
mãos
que abençoam
que abraçam
que guiam
que costuram
que escrevem
que carregam
lenhas
para aquecer
no velho fogão
que picam
os legumes
para o sopão
que cobrem
joelhos ralados
de beijos
para cessar
o choro
na linearidade
de infinitas
histórias
permanecem
além das fotos
os saberes
próprios de quem
na escola da vida
nunca faltou aula
em minhas veias
a responsabilidade
de honrar
o idôneo caráter
daquelas que
peitaram o medo
e o medo as temeu
intimidaram
os olhares
de desdém
desbravaram
possibilidades
onde não as viam
portas se abriram
lar pode ser
uma casa
com sala, cozinha,
banheiro e quartos
quem sabe
um quintal
pode ser o calçado
que protege os pés
das bolhas no solado
lar pode ser
um coração
que mesmo sofrido
ainda assim
escolhe sentir
proteger o afeto
como quem
de um pássaro
toma conta
em minhas veias
a herança
das antecessoras
e em meu ventre
abrigo para as
sucessoras
em cujas veias
verterá a coragem
de fazer
desses rascunhos
o verso mais lindo.