DE TODOS

Nada nos abala, quando em nossa fala está guardada a verdade.

Nada nos cala, quando o corpo das palavras exala o aroma orvalhado da

essência impreterível que banha as células de clareza.

Nada nos amedronta, enquanto a ponta estiver solta, enquanto a outra não for

fiada.

Nada nos exime, enquanto o crime da casa grande não for sanado, enquanto o

fogo que queima a pele negra não for apagado.

Nada nos intimida, até que seja relida a carta da igualdade, à luz dos atos

a sarar os maus tratos.

Nada nos menoriza, queremos que a riqueza da vida ressoe através dos

ventos, que é para todos.

Nada nos empobrece, o que tece nossa dor é a grandeza.

Nada nos arrefece, se a chuva derreter os barracos dos morros,

a gente ergue um novo.

Nada nos desmonta, somos a chave que gira a engrenagem, a parte da

viagem que não pode seguir sem nós.

Nada nos liberta, até que a última telha se junte às demais, até que os últimos

pardais se unam à canção que vai nos alforriar da opressão.

Ninguém tira o orgulho negro de nossa pele.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 02/11/2021
Código do texto: T7377311
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