Reforma
Hoje me olhei por dentro, bem devagar
Como se fosse uma casa a se organizar
Com as lentes da realidade
Com amor, mas sem excesso de auto piedade
Vi algumas coisas boas, como boa vontade em mudar
Mas o que mais encontrei foi desordem
Apesar do espanto
Continuei com coragem
Emoções envelhecidas
Mal dobradas e emboladas
Como roupas velhas e amarrotadas
Julgamentos descabidos a ecoar
Uma música desafinada em vinil arranhado
Opiniões sobre os outros e também sobre mim
Lembranças dolorosas em destaque
Como se fossem vasos quebrados a decorar
Vi também cadernos empoeirados que comecei a folhear
Neles estavam escritos certos sonhos
Que com o tempo esqueci de realizar
Decidi toda a poeira limpar
Analisar tudo o que já não era útil
Não mais guardar
E assim abrir espaço para o que preciso e sinto que está prestes a chegar