No palco ou na platéia
Hoje bem cedo eu me propus o desafio
De reescrever da minha vida a opereta
Minha velha peça reprisada deu fastio
E essa máscara congelada faz careta.
É que preciso executar uma outra ideia
Deixar de ser só uma atriz coadjuvante
Me transformar na nova artista atuante
No palco, como o elenco, e não platéia...
Essa minha vida, verdadeiro espetáculo
Pode bem ser reeditada a qualquer hora
A audiência do meu show, o receptáculo
Pode cansar-se e mais cedo ir embora...
Já não quero me esconder nos bastidores
Atrás de cômicos personagens disfarçados
O palco onde enceno as minhas dores
É o novo, que hoje ergui mais elevado...
Já me cansei dos "ditirambos" amadores
Tão compostos só de atores aspirantes
Tampouco espero ver heróis, gladiadores,
Contracenando sobre um palco, vacilantes.
Quero atuar no púlpito desse picadeiro
Fazer a ópera, na memória já ensaiada,
Se propagar nesse recinto por inteiro...
Quando as portas forem todas descerradas
Quero que vejam dentro das minhas retinas
Os novos sonhos da atriz do "Quebra nozes"
Bailando com "os monstros", seus algozes
À frente, e não mais atrás, dessas cortinas.
Nesse cenário de holofotes e cantorias
Quero VIVER só pra ver o que acontece
Pois se a vida pede mais que alegorias
Minha verdade não é como lhes parece.
Adriribeiro/@adri.poesias