À Origem

Comemora a liberdade,

Tá maluco?

Mameluco.

Roubaram a identidade,

Quem eu sou?

Sou cafuzo?

Estou confuso.

Minha origem é mistério,

Meu passado,

Obscuro.

Mulato com pés descalços,

Marcado com cortes fundos.

Um pardo que se desbota,

Orixás ficando mudos,

Atabaques em som estéreo,

Escondidos,

Ocupam o mundo.

Sarará de vidas secas,

Do milagre à exploração,

Espinhos que são colhidos,

Mata a fome,

E a paixão.

Amor é sobrevida,

E aos céus estende as mãos,

Raridade é ter nuvens,

Fé não falta,

Nem compaixão.

Mãe abusada,

Crioulo no ventre,

Lágrimas escorrem,

E calos nos mãos.

Prazeres de um capitão,

Violação de conduta,

Violência,

Posse?

Exploração.

Não acompanha a gestação,

Mãe solo,

De solo infértil.

Onde está a liberdade?

Se ainda há escravidão.

Taxados,

Sobretaxados,

Isola,

Separação.

Criam nomes,

Identidades,

Cor de pele,

Religião.

Corpo,

Sexo,

Gostos,

Crenças,

Etnia,

E devoção.

Evolução ao retrocesso,

Ao barro,

A origem,

Onde antes éramos humanos,

Sem lentes de comparação.

Respeito,

E liberdade,

E um Deus de compaixão.

Humanos,

Humanidade,

Instinto não é razão.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 28/10/2021
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