À Origem
Comemora a liberdade,
Tá maluco?
Mameluco.
Roubaram a identidade,
Quem eu sou?
Sou cafuzo?
Estou confuso.
Minha origem é mistério,
Meu passado,
Obscuro.
Mulato com pés descalços,
Marcado com cortes fundos.
Um pardo que se desbota,
Orixás ficando mudos,
Atabaques em som estéreo,
Escondidos,
Ocupam o mundo.
Sarará de vidas secas,
Do milagre à exploração,
Espinhos que são colhidos,
Mata a fome,
E a paixão.
Amor é sobrevida,
E aos céus estende as mãos,
Raridade é ter nuvens,
Fé não falta,
Nem compaixão.
Mãe abusada,
Crioulo no ventre,
Lágrimas escorrem,
E calos nos mãos.
Prazeres de um capitão,
Violação de conduta,
Violência,
Posse?
Exploração.
Não acompanha a gestação,
Mãe solo,
De solo infértil.
Onde está a liberdade?
Se ainda há escravidão.
Taxados,
Sobretaxados,
Isola,
Separação.
Criam nomes,
Identidades,
Cor de pele,
Religião.
Corpo,
Sexo,
Gostos,
Crenças,
Etnia,
E devoção.
Evolução ao retrocesso,
Ao barro,
A origem,
Onde antes éramos humanos,
Sem lentes de comparação.
Respeito,
E liberdade,
E um Deus de compaixão.
Humanos,
Humanidade,
Instinto não é razão.