ADEUS, ÍCARO, HÁ DEUS!
Era quase um sonho...
Um delírio crescente que me alentava,
Com a doçura dos favos moldei minhas asas,
Com as penas que implorei
Não usurparia ser um anjo,
Nem um pássaro,
Mas... humildemente... imitá-los...
Muitos espinhos haviam ali,
Cresceram nos escombros das paixões que nunca morreram.
Cacos...
Correntes...
Fantasmas de amores...
Assombrações...
Jamais esquecidas...
Montanhas que me perfaziam,
Me transpassavam.
Sentiam prazer com meu cativeiro,
Sua loucura sobre mim onipotente,
Tinham um único desejo:
Me manter vivo...
No meio da noite não murmurei,
Fechei os olhos...
Vi a esperança.
E do labirinto corri para o sol,
Tendo como testemunha a linda alvorada.
A beira do abismo havia o vazio,
E no imenso infinito eu vi Deus!
Com Ele não havia anjos... Apenas eu, Ícaro.