Queixume
Hoje o cansaço me deixou desalinhado, quebrei o prato
de comida onde nem mais feijão cabia, bebo o suco da
saudade que gelado dói os dentes e enfarta o coração, sento em
frente a tv que me espanta tantos tiros, me deixou tão
assustado que fui ver o seu retrato, me lembrei que teu sorriso
tira a melancolia e dá espaço para a rebeldia, queria mesmo seu
conforto e todo aquele entorno que me amava com agonia, fui
tentando te encaixar na minha rima e os versos ficavam cada vez
mais soltos, agora te vejo mais longe com sangue no seu rosto,
pergunto todo dia se o arrependimento te agonia, dizes com tanto
afinco que tiraria o sopro de uma vida novamente e deixaria mais um
par deles ficar doente, junto os cacos de vidro do chão e lembro
que muitos hoje estão sem um pedaço de pão, hoje morrer de
fome virou rotina, não tem mais rima que dê jeito para essa poesia,
deixei tudo solto e não sei mais qual seria esse gosto.