Suícidio

“Um tabu, um ato de covardia ou coragem?

se calar e fingir que nada está acontecendo é uma miragem

não vai fazer as pessoas pararem de se matarem.

Quando eu subi naquele prédio eu podia segurar o céu com minhas mãos

será que eu sou um Deus?

cada um de nós somos nossos deuses

você destrói e constrói, o que quiser, na hora que quiser.

Mas não, o verdadeiro Deus não é só isto, ele é bem mais complexo

mas como que esse ser divino permite isso?

se existe algum criador do universo, por que ele permitiria tamanho sofrimento a um ser?

Em momentos de angústia e dor não precisamos de religião

precisamos de espiritualidade, colocar pássaros nas gaiolas vazias que meus pulmões são.

20 andares de altura não fazem minhas pernas bambearem

quando eu finalmente saltar, as galáxias irão cair comigo.

Meus sonhos caem como nada

não é uma estação, não vai ter outra parada

a não ser uma cardíaca, me vejo no hospital

os médicos tentam fazer a reanimação, mas o corpo não reage, logo descartam a hipótese de vida.

Mas doutor eu respirava muito bem, cada metro cúbico de ar que eu inalo me impede da morte que me espreita?

como eu posso estar vivo se eu me sinto tão morto?

tão cansado

tão ansioso para que minha jugular seja dilacerada...

Eu imagino o seu olhar catatônico ao ler essa poesia...

cada letra, verso e estrofe são palavras que alguém que não consegue mais absorver a felicidade em si mesmo.

Eu estou perdido no limbo, aonde não existem raízes

mas que há uma abundância de cicatrizes.

Que ganham vozes ao cair do luar

não consigo me manter sóbrio, preciso injetar.

Minha mente se perde e me lembra outras coisas

não consigo te esquecer, preciso me relacionar com outras pessoas.

O dia amanhece sinto um buraco em minha garganta

não consigo vencer minha abstinência, preciso inalar fumaça para suprir meu vazio.

Ao decorrer do tempo o oco que existe em mim

se revela no meu peito

e nesses momentos o álcool é meu maior desejo...

As pessoas só usam essas substâncias existentes no mundo

para anestesiarem a mente

mas esquecem que enquanto usam

elas são esquecidas

em um pequeno borrão

em uma folha de papel.”

—Jackson Campos