Comunhão dos seres
O poeta proclamou:
"Viva a comunhão dos seres!"
Sim, viva! Viva os versos que surgem reveladores
de quem somos e como estamos
quando, ao fim, entrelaçou
nós dois, neste único evento.
Viva as energias trocadas entre os corpos
Quando sobremaneira envolvidos nós em carícias
embebidas de horas, momentos, dias
em êxtase, virando álcool nos copos
até que veio o Sol e nos deslumbramos.
Viva as alegrias na plenitude de toda instância
de diversão, de virtude, de potência
Quando nos lançamos em toda a violência
de vivermos sob o prazer de cada momento!
Ah sim, viva a nós, que não nos contentamos com pouco
Nem nos ensoberbecemos com o supérfluo
Mas nos permitimos naquela vigilância
de todos os gozos que nos livram deste mundo louco!
Ah, vivamos! Vivamos bem! Vivamos a mil!
Que venhamos a viver mil séculos, até além
do que a vida pode exasperar
De nossos corpos, suados e unidos,
nus e cálidos
Naquela intensa e frenética fricção
que todo o atrito inflamou
E faz toda a intensidade esperar
o momento certo, eternífluo
de tudo quanto é, entre nós, total, pleno e verossímil.
Amém!