pequena próle

Me sinto um cachorro miserável

elegantemente andando por margens

a beira de buracos, tudo é miragem

contentando-se na infame rotina

de boa pelugem e tristeza da rotina

vê em todos uma vileza hostil

e não se toma a superioridade

um miserável como outros

desgastado como um maço

empoeirado de cigarros

na sutil vida que levo aguardo

esquecimento incólume

quem me dera voar e pairar

observar nosso coletivo desastroso

e não mais voltar a parte disto

mas sou miserável

no sentido infame

hediondo

perverso

do mais inalterável

contente-se mesmo parecendo

satisfeito, puro, benigno

mesmo no âmago gritante opositor

jaz a razão e necessidade imposta

quando deixarei de ser miserável

para buscador empírico dos desejos

sem importância elevada para qualquer

ato denominado vida

a beira da vida, suas mais extremistas

margens que o privilégio elegante

fez tangível a ausência

marginais esquecidos por um desdém

eles são vil

sem acesso nem momentos oportunos

digo, vou me desgastar ao ponto

de tostar a alma para ficar carne macia

por fora!

serei um miserável apunhalado

uma elegante pelagem sem cor

isenta de autenticidade

perdura

me

Victor Peral
Enviado por Victor Peral em 06/10/2021
Código do texto: T7358020
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