pequena próle
Me sinto um cachorro miserável
elegantemente andando por margens
a beira de buracos, tudo é miragem
contentando-se na infame rotina
de boa pelugem e tristeza da rotina
vê em todos uma vileza hostil
e não se toma a superioridade
um miserável como outros
desgastado como um maço
empoeirado de cigarros
na sutil vida que levo aguardo
esquecimento incólume
quem me dera voar e pairar
observar nosso coletivo desastroso
e não mais voltar a parte disto
mas sou miserável
no sentido infame
hediondo
perverso
do mais inalterável
contente-se mesmo parecendo
satisfeito, puro, benigno
mesmo no âmago gritante opositor
jaz a razão e necessidade imposta
quando deixarei de ser miserável
para buscador empírico dos desejos
sem importância elevada para qualquer
ato denominado vida
a beira da vida, suas mais extremistas
margens que o privilégio elegante
fez tangível a ausência
marginais esquecidos por um desdém
eles são vil
sem acesso nem momentos oportunos
digo, vou me desgastar ao ponto
de tostar a alma para ficar carne macia
por fora!
serei um miserável apunhalado
uma elegante pelagem sem cor
isenta de autenticidade
perdura
me