Eu choro o choro
Eu choro todo choro,
independente de qual for,
seja ele de alegria,
seja ele de dor.
Eu choro o choro da mãe,
que perdeu seu filho,
uma ferida incurável,
que apagou o seu brilho.
Eu choro o choro do pai,
desempregado no Brasil,
que não tem nenhum centavo,
que da vida desistiu.
Eu choro o choro do favelado,
nas "perifas" norte a sul,
que vive no "busão" lotado,
sem poder ver o céu azul.
Eu choro o choro do oprimido
e compreendo sua dor,
pois se sente esquecido,
solitário e sem amor.
Eu choro o choro do drogado,
que se sente sem saída,
sem apoio, sem amparo,
sem ninguém lhe dar guarida.
Eu choro o choro social,
da nossa complexidade,
uma terra abençoada,
assaltada sem piedade.
Eu choro o choro da menina,
violada brutalmente,
que só pensa em morrer,
isso não sai da sua mente.
Eu choro o choro da revolta,
com pessoas insensíveis,
as quais tem todas as respostas
e levantam seus narizes.
Mas não deixo de chorar,
também o choro da esperança,
de que essa história vai mudar,
que vou sorrir igual criança.
E aí, então, vou celebrar,
deixar pra traz todo desgosto,
chorar o choro da alegria,
porque o inverno acaba em agosto.