Tempo

Sinto estar preso

Num cotovelo de tempo,

Tempo que não é meu.

Tempo estranho,

Onde tudo é pra ontem

Ou já aconteceu.

Meu tempo era belo,

Tinha tempo pra tudo,

Saboreava com calma.

Agora, valores invertidos,

Não há tempo pra nada,

Só aperto em minh’alma.

Assim, escavo esse tempo

Atrás daquele outro,

Do qual quase não lembro.

Hoje, degusto mil olores,

Numa simples caminhada,

Extasiam-me as flores.