Travessia

No início de tudo

Ela se pôs a caminhar

E até o findar do tempo

prometeu a si mesma nunca parar

Com elegância e encanto

Ela se vestiu

E num sonho iluminado persistiu

Recebeu todos os presentes e aplausos por onde passou

Numa noite insone

Ela se despiu

Rasgou todo o seu linho

Retirou dedo a dedo suas luvas de veludo

E se lavou

Sozinha e sem defesa

Banhou-se em seus prantos

E na luz da noite escura continuou

Restara apenas o seu destemor

Conheceu todos os buracos do mundo

Explorou todos os cantos

E por frestas estreitas atravessou

Recebeu olhares esquivos

Sussurros tácitos e risos frios

Sua nudez era nítida

Mas ninguém a notou

Num dia claro como o sol

Ela mesma se encontrou

Acuada num canto

Avistando o céu

Seus passos desaceleraram

E seu coração cresceu e transbordou

Vestida de inocência e brisa

Ela então parou.

Naquele mesmo instante

O tempo explodiu e se findou

O que era móvel e impermanente transcendeu!

O fim e o início deram as mãos!

Rodonita
Enviado por Rodonita em 11/09/2021
Código do texto: T7340122
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.