VOZES DA SECA
 

   “O sertanejo é, antes de tudo um forte...”
       Euclides da Cunha – Os Sertões
 
 
Sou um cabra FORTE
decido meu destino e o traço.
Mas não brinco com a SORTE
quanto mais difícil o passo
mais me agarro ao NORTE
Não penso muito, faço
minha vocação não teme a MORTE
 
Debaixo do sol FORTE
fome e seca ano a ano
Mas não brinco com a SORTE
Frágil é a vida, não me engano
assim me agarro ao NORTE
Quanto mais quente e insano
mais conheço a face da MORTE
 
Sou o leão do NORTE
as flechas traiçoeiras não podem comigo
Mas não brinco com a SORTE
quanto mais calmo o abrigo
mais campeia a MORTE
Quanto mais astuto o inimigo
mais me faço FORTE
 
Quando a noite chega ao NORTE
muda de cor o lugar.
Parecido com a MORTE
o sono vem devagar.
Sou um cabra FORTE
um olho descansa e o outro fica a olhar         
pois não brinco com a SORTE
 
Dia seguinte:
 
Quando amanhece
quem conhece os sinais
faz sua prece
conserva sua fé
Observa os animais, a terra, a natureza
as nuvens e o vento
 
A cada momento
vida e MORTE
se revezam ao NORTE
como em qualquer lugar do planeta
- Melhor que não adoeça
que não caia de sede ou de fome
ou de tristeza!
Não há certeza
entre o ficar e o ir embora
“Quem sabe faz a hora,
   não espera acontecer...”*
 
Quando a saudade aperta
o amor faz o coração bater mais FORTE
e faz sonhar, sonhar
e o sonhar deixa nossa mente esperta
Bom mesmo é poetizar
e não ficar na mão da SORTE



  "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”
    Da música: Para não dizer que não falei das flores
    Autor: Geraldo Vandré

 
 
 
Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 24/08/2021
Reeditado em 25/08/2021
Código do texto: T7327673
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