INEXPLICÁVEL (I) e (II)


INEXPLICÁVEL (I)

O teu verão nunca brilhou meu inverno,
mas tampouco teu céu é meu inferno.
Tempos distintos ao transcorrido tempo vivido, 
donde quedei-me à espera, instinto.

Qu'eu faço eu pra explicar o meu sentido-entender,
já que no afã, sem terapia ou divã
mesmo por beijos contidos
e uma fúria-louca vontade de sexo
- desejo e lascívia também não fogem do nexo -
que o meu terno (não somente o de linho azul)
é realmente terno?

 
 
INEXPLICÁVEL (II)

tênue, divisória linha entre razão & emoção;
túnel, mergulho num tempo indivisível - a memória é anciã;
tino, sensatez ao conceito 'querer é poder';
na contínua história do revés e da sorte, não me permito seguir seguro o infortúnio.

sinto-me como titânio, leve e forte, e que resiste à corrosão, 
nutrido por sentimentos em cutânea respiração.
e no fazer 'contecer, 
busco e 'precio o tanino do vinho - tenro - que me dá prazer. 

o que prevalece é o amor (por sorte)
e por silábicos nomes iguais, distintos em definidos artigos gramaticais
(masculino e feminino)
creio que somente cabe ao poeta explicar a momentânea emoção, 
-  tônica d'um bem querer -
bela-oculta-intrínseca num ponto de interrogação (?) 
 
 
'inexplicavelmente falando, você é a evidência'


'Mel do Sol' (Oswaldo Montenegro)
 https://www.youtube.com/watch?v=fNABsMfgd-c

'Esperando Ângela' (Toninho Horta)
https://www.youtube.com/watch?v=452ow1vuclw