REVOADA
Toda cidade tem
A sua revoada
De pombas acinzentadas
Que habitam
Não nos pontos verdes,
Mas ao redor destes,
Pelas muralhas concretadas.
Como quem tem olhos
Sem ganas de alçar os céus,
Descem dos arranha-céus,
Em busca de tantas migalhas
Para se ter vida mundana
Entre restos de coisas humanas
Na sina dos destinos seus.
Toda cidade tem
A sua revoada
De almas acinzentadas
Precipitando-se
Como pombas libertas
De suas moradas enjauladas tão certas
E tão próximas do céu!