Do estar tão distante mas, ainda assim, no espectro do carinho

O descerrar do véu do teu recolhimento

– propositalmente pensado para te eximires das dores –

revelou-me tua fragilidade, tão doce,

no biotipo e na expressão da face

- sobretudo dos olhos –

de vulnerabilidade sem par...

A profundidade da narrativa que construíste,

- intrincados caminhos do pensar e dizer –

traz em si os aromas da genialidade

destilada nos teus escritos...

Excertos de viagens ao teu íntimo,

tão transtornado quanto pode ser o âmago de um poeta...

Fascinante pensar que o abismo que nos separa

pudesse ser também aquilo que fundiria essas angústias

com as quais alimentamos

a verve e os sentimentos

que gotejam mas não vertem,

represados pelos tantos obstáculos

que vislumbramos ou criamos:

engenhosa estratégia de não-viver.

O tempo se encarregou de nos manter assim:

um pequeno fio de poesia a sustentar

o que não pode ser materializado.

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 26/07/2021
Reeditado em 26/07/2021
Código do texto: T7308008
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