Do estar tão distante mas, ainda assim, no espectro do carinho
O descerrar do véu do teu recolhimento
– propositalmente pensado para te eximires das dores –
revelou-me tua fragilidade, tão doce,
no biotipo e na expressão da face
- sobretudo dos olhos –
de vulnerabilidade sem par...
A profundidade da narrativa que construíste,
- intrincados caminhos do pensar e dizer –
traz em si os aromas da genialidade
destilada nos teus escritos...
Excertos de viagens ao teu íntimo,
tão transtornado quanto pode ser o âmago de um poeta...
Fascinante pensar que o abismo que nos separa
pudesse ser também aquilo que fundiria essas angústias
com as quais alimentamos
a verve e os sentimentos
que gotejam mas não vertem,
represados pelos tantos obstáculos
que vislumbramos ou criamos:
engenhosa estratégia de não-viver.
O tempo se encarregou de nos manter assim:
um pequeno fio de poesia a sustentar
o que não pode ser materializado.