DEVANEANDO
Você sabe que ao poeta,
É permitido devanear.
Então poetando fala-se do que se sente;
Fala-se do que se pode ou poderia imaginar;
Fala-se do sentido que faz sentido,
Do sentido sem nenhum sentido,
Do sentido que foi sentido,
Do sentido vinculado à perda de sentido
E do sentido perdido por não ter sido percebido
Que deveria ter sido sentido,
se quisesse que tivesse feito sentido a audácia do seu expressar.
Faz sentido sobre o sentido filosofar?
Contudo este trocadilho me convidou
a falar um pouquinho do sentido que faz sentido
de eu ser do jeito que sou.
Eu sou verão no inverno rigoroso
Sou inverno para asserenar o calor
Sou o polem das floradas primaveris
Eu sou o farto outono provedor.
E hoje posso dizer que em grande parte já consigo ser
o muito do pouco que sou
Ou o pouco do muito que eu quisera ser...
É por isso que quem tiver olhos para ver,
enxergará dentro de mim
Uma primavera sempre florida
E isso acontece porque não me importo
Que se torne público,
O meu romance com a vida.
São Paulo, 02/10/2020.