RENÚNCIA
Renuncio ao poder masculino,
volto a ser um menino
pela mão da mãe levado,
desço do usurpado trono,
prefiro aquele doce sono
no seu peito, encostado...
Cansei de dar ordens e das matanças,
prefiro, de novo, ser criança
pulando na enxurrada,
sabendo que da vida não se leva nada,
não assinarei mais nenhum papel,
prefiro o espírito ao léu,
chega de distribuir fel
à essa conturbada multidão
que segue com um contrito coração...
Essa faixa que me toma o peito,
que me fez um presidente eleito,
essa ação de apostasia
me levará ao leito
da mais carinhosa poesia...