Ilustre desconhecido
Seria banal o início de um poema sem dedicação aparente
Sem o charme ardente de um amor conhecido e de palavras atadas
A inspiração trêmula vem de campos afastados, de alguém ao acaso sem sentimentos para mim,
Mas seriamente o meu despertar!
O que seria de um nobre escritor distraído, sem a dança inesperada de palavras em sua mente
Sem a composição ingrata de cenários e histórias a serem contada pela voz manual de suas mãos pequenas, furiosamente curiosas e apressadas
Sem o vislumbre audaz de composição infinita, que brincam e norteiam essa máquina confusa que se chama paixão
Paixão intocável e transcendente que incendeia o corpo ao redescobrir o seu sentido,e atrai ao pé do ouvido o seu sussurro sincero. Simples e cômodo.
Dedico, porém, esse poema –que talvez não seja mais um poema- não só ao ilustre desconhecido, mas a vida, que de muitas versões retraídas me pôs de volta em meu lugar.