Ilustre desconhecido

Seria banal o início de um poema sem dedicação aparente

Sem o charme ardente de um amor conhecido e de palavras atadas

A inspiração trêmula vem de campos afastados, de alguém ao acaso sem sentimentos para mim,

Mas seriamente o meu despertar!

O que seria de um nobre escritor distraído, sem a dança inesperada de palavras em sua mente

Sem a composição ingrata de cenários e histórias a serem contada pela voz manual de suas mãos pequenas, furiosamente curiosas e apressadas

Sem o vislumbre audaz de composição infinita, que brincam e norteiam essa máquina confusa que se chama paixão

Paixão intocável e transcendente que incendeia o corpo ao redescobrir o seu sentido,e atrai ao pé do ouvido o seu sussurro sincero. Simples e cômodo.

Dedico, porém, esse poema –que talvez não seja mais um poema- não só ao ilustre desconhecido, mas a vida, que de muitas versões retraídas me pôs de volta em meu lugar.

Sara Beatriz Serra
Enviado por Sara Beatriz Serra em 05/07/2021
Reeditado em 06/07/2021
Código do texto: T7293486
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