CASOS DA VIDA (trieto)
Menino da rua, este é a minha realidade,
Sujo nas ruas, passo fome, maltratos,
Vivo uma vida que não queria
Nem imaginava acontecer...
Hoje sou isto, para conseguir o pão,
Tenho que lavar carros, adular sapatos, transportar coisas
Às vezes até ninguém tem piedade de mim,
Dizem o que querem e ainda xingam-me!
Sofro, choro, a tristeza inundam-me,
Já sei que não tenho valor e penso em sucumbir,
Atingir o zero e deixar de ver o mundo que vivo...
Será melhor, do que viver chorando, sem consolo algum,
Enquanto alguns festejam da minha desgraça!
Sou discrimida
Quando as pessoas olham pra mim, apenas dão risadas
O motivo todos sabem
E com palavras ofensivas meu coração partem
Simplesmente por eu não poder andar...
Por eu ter que rastejar
Meus joelhos ralar
Sem sequer uma cadeira de rodas pra me ajudar
As pessoas de mim ficam a zombar...
Eu não escolhi ser aleijada
Então quando me vires na rua não dê risadas...
O vosso sofrimento, não se compara ao meu!
Ao ver a morte trágica de meus pais!
Ver meu pai a queimar
E sem poder ajudar
Seu corpo ardendo em chamas, e minha mãe
Perdendo toda calma...
Ver minha mãe a ladrar que nem cadela,
Por conta de uma mordida,
Por causa de comida, Não: Osso!
Perder minha mãe galinha
Mas minha rainha
Meu pai que mesmo bêbado
Fazia-nos estar rectos,
Pais conselheiros,
Parecendo espelhos!
Não se compara...
Casos da vida e ninguém deseja,
Triste o que tanta gente vive!