Páginas dos Livros
Fantasia ou realidade? Não tenho ainda a resposta
Mas sei que saudei Machado de Assis
E com ele, numa tarde de outono
Palavras realistas eu troquei.
Conversei por longas horas com Jorge Amado e sua amada
E sobre Gabriela fofocamos
Entre risos e segredos
Desse autor baiano.
Andei sem muita pressa
Pelas avenidas cheias de pernas
E esbarrei em Carlos Drummond
Que poetizava a vida.
Como ele é carismático!
Tem sempre um verso
Escondido em sua língua.
No entardecer, fui eu Andar pelas trilhas
Que me levaram a campos abertos
Cheios de esconderijos e partidas.
Lá eu encontrei a jovem Anne Frank
Que não largava a caneta e o diário
Escrevia suas angústias e esperança
De ser livre e ter felicidade.
Ela sorriu para mim e acenou
desconfiada
Retribui seu humilde gesto
E segui minha caminhada.
Nas colinas eu cheguei
E um vento forte fez cantar as folhas das grandes árvores
E no meio à ventania
Um lenço vermelho bailava no ar
Ouvi risos e gargalhadas
E uma voz suave, de uma jovem pedindo para o vento a esperar,
Fez meus passos ali parar
Retribui o sorriso
Para a moça que surgiu em minha frente
E juntas, fomos nós duas
Pegar aquele lindo lenço
Pousado bem acima da gente.
A moça me agradeceu
E disse que estava indo à escola
Reconheci Malala na hora
E ela me deu um livro, de presente.
Ao amanhecer, o Sol banhou a minha face
E vendo Carolina de Jesus já a trabalhar
Quis ajudá-la a catar
O sustento para os seus três filhos poderem se alimentar.
Mas eu tinha que para casa retornar
Pois minha vovó Benta não descansava
Enquanto eu não guardasse minha boneca Emília
Que ficava esparramada em minha cama.
Peguei um tapete de vaga-lumes que encontrei
No meio das margaridas do sertão
E fiz as asas que idealizei
Por árvores, colinas, mares, montanhas, castelos,
vulcões em erupção Eu voei...
Fadas me saudaram ao cruzarem por mim no céu
Bruxas e duendes reclamavam
Dos altos preços dos ingredientes
Eram tantas vozes e tantos saberes que chegavam até mim
Que quase não reparei
As fazendas lá embaixo
De homens, crianças e mulheres
Com roupas de listras padronizadas
E perto da cerca dessas fazendas
Vi sentada junto a um lago
De águas cristalinas
Conceição Evaristo banhando seus olhos
Segui meu voou até pousar na Lua para descansar.
Depois de satisfeita estar
Com a comilança de queijo que fiz por lá
Continuei a voar
Com o tapete de brilho
Agora feito com a luz do luar.
Já deitada em minha cama
Vi uma menina pela janela do meu quarto entrar
Ela disse que roubava livros
Para a vida mais feliz ficar
Deixei que levasse o que quisesse
Mas um livro não poderia levar
Era o livro na minha memória
Que fazia eu viajar
Com fantasia ou realidade
As páginas dos livros sempre serão o melhor lugar!