O carnaval dos canibais

Há muitos anos se comia gente

Em algum lugar ainda se deve comer

(Entenda-se, claro, literalmente).

Desde as tribos africanas

Até os indígenas da América do Sul

O antropofagismo declarado

Sempre atraiu paladares

O que dizer... Exóticos!

Entretanto, se pararmos para pensar

De forma não-literal

Mas estritamente metafórica

O espetáculo canibalesco ainda vive!

Gente comendo gente

Pessoas se alimentando de pessoas

Indivíduos digerindo indivíduos

O que, em muitos casos, confessemos

É extremamente difícil

Porque tem gente que, definitivamente

Não dá para engolir.

Como estes "novos cabinais" se devoram?

Nos lares começa a comilança

Famílias inteiras se consomem

Temperam-se com mentiras

Cozinham-se na panela das intrigas

Pais devoram seus filhos

E filhos devoram seus pais

Com a voracidade causada pelo desamor

O que não faltará jamais é fome

O que restará sempre é a dor.

O canibalismo segue, avança

Por todas as esferas da sociedade

Onde há um ser vivente

Existe alguém tentando devorá-lo!

E para tal empreitada macabra

Os canibais se revestem de "ismo":

Relativismo, ativismo, alcoolismo

Pragmatismo, cinismo, ateísmo

Consumismo, liberalismo

E, na prática do antropofagismo

Vence quem tem a maior boca

Vence quem pode mais.

Como escapar da festança?

Como evitar ser devorado?

São tantas guerras mundo afora

Tantos crimes pelas ruas

Tantos canibais pelas esquinas

Tantos loucos no poder...

Quem não devora hoje

Amanhã será devorado!

Com ideologias que corroem a mente

Com uma cultura que insulta a inteligência

Com ambições que vaporizam corações

E com aqueles que devoram a si mesmos

(Penso, acima de tudo, nos vícios)

A matança jamais cessará.

Num mundo que despreza Deus

E que devora os seus

Este espetáculo de terror

Sanguinário prosseguirá.

Este poema faz parte do meu novo livro MEMÓRIAS DO VENTO. Todos os direitos reservados. Lei 9.610/98

Mizael Xavier
Enviado por Mizael Xavier em 18/06/2021
Código do texto: T7281713
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