Migalhas

Timidamente estende a mão

Esquecida no caminho

Com angústia ensaia protesto

A criança que existe ainda

Carente a espera de um gesto

Nem as migalhas que te coube

Tens o direito de reclamar

Ora se nem mais criança és

Pois que então há idade limite

Para o amor almejar

Mas, moça, ninguém vê

Que teu retorno é abertura

É perdão gratuito e sem usura

É vã tentativa de realizar

O velho sonho de amor encontrar

Novamente preterida, ignorada

Como já fora um dia

Não mais criança agora

Em silêncio a moça chora

Cativa do amor que o sangue impõe

Sem tempo nem ânimo para revolta

Sutil e docemente

É tua a mão que se estende