VIDA BREVE
Preciso ir,
A casa está limpa,
O almoço na mesa,
Os cômodos varridos.
A roupa de ontem
Hoje está seca,
café fumegando,
camas arrumadas,
Louças guardadas
Nas prateleiras.
Preciso seguir
A flauta encantada,
Levar para fora
O lixo guardado.
Deixar velhas mágoas,
Descobrir caminhos,
Abrir nova estrada.
Não segure a porta,
Até o portão
São duas passadas...
Depois, alma livre,
Sol queimando a cara,
Com novas canções
Tal qual ave rara.
Deixe apenas acesa
A luz da varanda,
Como um farol
Em minha jornada.
Deixe apenas acesa
A luz da varanda
Pra que eu não tropece
Em minha tristeza.
Quando a manhã
Invadir o quarto
Abra as janelas.
Talvez uma brisa
Entre de mansinho
Entre as cortinas
E te beije leve.
Preciso partir
Como vida breve.