Quadros Caídos
Saí de casa pra não ficar preso
Busquei uma janela pro sótão
Livros velhos guardados
No mesmo baú da perdição
Folheando figurinhas de heróis
Queimei desenhos do primário
Li registros de papel em caracóis
Não identificados nos armários
Dois homens lutando de carro
Caçavam vaga num estacionamento
Parei no semáforo no amarelo
E causei um novo engarrafamento
Comprei uns pães ao preço de vinho
Sangria nacional com gosto de gente
Meus dedos senti formigando
Pinga é mais cara que aguardente
Quanto mais tento, erro
Sei que estudo pra esquecer
Quanto mais erro, desisto
Todos os dias esqueço de saber
Mesmo quando Aristóteles gritava
Que é possível ter vida nisso!
Descarto o que ouvi de Descartes
Penso que é pouco se apenas existo!
Ouvindo a "Violência Fazer seu Trottoir"
Apedrejei a vidraça de algum birô
Limpei as mãos em pânico pra ocultar
Fugi pro meio do mato de tanto horror
Prometi algo que não pudesse cumprir
E pensar que houvesse saída na bondade
Dúvidas sobre alheias intenções
Cujas razões não compreendi a metade
A guerra vive dentro dos homens
O herói só existe se houver crime
A vítima é autora de outro delito
Medo é o veneno que o ódio exprime