Uma porta aberta.

Nunca se prenda a nada

Nem prenda nada a você

Aprenda que o certo é deixar partir

Que teu coração seja deserto

E que tenha saída

Mantenha sempre aberta

Uma porta de entrada

Mas, lembre-se

Que pra tudo existe sempre

Um outro ponto

Este, o de partida

Assim como toda criança

Que se despede pra brincar na rua

E que nem sempre te escuta

Até que um dia, ela nem te ouve mais

E dessa vez ela parte, mas pra vida adulta

Aquela que você foi um dia

Nem essa jamais foi sua

Mas há de sempre regressar

Por aquela porta aberta que você deixou

Deixe-a

Deixe que ela venha pelo menos de manhã

Mesmo que ela venha cada vez menos

Assim como há pureza

No café que sempre fica

No fundo de uma xícara que você põe

Debaixo da torneira que goteja

E que vai perdendo a pureza

A cada vez que uma gota cai

Que teu coração seja assim

Porque no fim, tudo muda

O ponteiro, a goteira, o movimento de rotação

Algo sempre oferece ajuda

A planta cresce, a folha cai...tudo se vai

Exceto a sua essência, a parte mais bela da vida

Permita que ela sempre volte pra te falar das coisas

Se ela ainda é ou se não é mais aquela

Que teu compromisso seja sempre em deixar partir

Assim é a vida, no fim a gente compreende

Que isso não chega a ser tão triste

E que não existe outra opção

Mas deixe uma porta aberta pra ela

Pra que assim as coisas venham

Sejam belas

e depois se vão.

Edson Ricardo Paiva.