Meia alma
À meia noite
volta e meia
me levanto meio zonzo
para andar em meio à escuridão
No meio do caminho, entretanto
perco meu foco em meio ao pranto
me sinto meio incerto, hesitante
como se apenas meio corpo caminhasse confiante
A outra metade, indiferente
nem meio ou pouco, nada sente
permanece onde está, em seu conforto
fingindo sentir a paz de um pesadelo que jaz morto
Ou eu que finjo, sem me dar conta?
crio uma grande peça onde nada se monta
me engano que vem show, emoção, novidade
enquanto circulo o mesmo vazio disfarçando a comodidade
Não ando em círculos! Só sigo em frente!
caminho sobre o vidro sem deixar voar a mente
mas antes de pensar o que eram os cacos que pisava
me lembrei da última vez que passei naquela estrada
Ali está meu sangue, ainda quente
ali estão meus sonhos, já dormentes
outra vez, cá estou eu, mais vezes do que posso contar
Mais uma vez, talvez a última, sem nem saber onde espero chegar
Mesmo perdido, desacreditado
ela vem de novo, como é esperado
à meia noite, eu desperto outra vez
e continuo a caminhar sem rumo, como se fosse a primeira vez.