A visão do pássaro
Sonolento pássaro
por que andas vigiando o meu passado
massageando frias recordações e cantando segredos
se muito escondo, muito sumo
de mim e dos outros
mas de você, ó pássaro
é impossível
porque a visão que te domina, desvenda o escuro
Já as justificavas, tu sabes
são os medos diante da vida
e se você não me dissesse
que ela tem prazo
talvez eu estaria até agora
mesmo depois do voo
mesmo depois do canto
mesmo depois do vento que de ti
senti
me martirizando e corroendo
o que é imaterial e intocável
por erros de graus variáveis, não por situação
mas por perspectiva
Mas tu, ó pássaro
sabes da intenção
sabes do drama que impomos
sobre tudo o que é belo e próprio
sobre tudo o que é natural e passageiro
sobre tudo o que é meu
que é nosso