O Barco da Esperança

A Solidão torna o Poeta um artesão das emoções.

Ele Busca na natureza diálogos com o seu coração.

Desnorteado voa em círculos

E percorre longas distâncias (anos), sem sair do lugar.

Lança freneticamente os seus remos na água

Procurando no nevoeiro por uma margem que nunca atingirá.

Vãs desilusões vão tornando o Poeta um ser triste

Descrente das pessoas que vão mudando

De seus hábitos na mesma rotina

De suas genialidades sempre iguais.

As grandes descobertas já foram feitas.

O desconhecido perdeu o encanto.

Antes além-mar, além das estrelas

Hoje somente a longa procura por si mesmo.

Sempre foi assim.

O Poeta é um ser desconhecido que procura por si.

Ouve gritos

Ouve gemidos d'alma

Liberta o seu silêncio arremessando-os contra os rochedos à beira mar.

Exalta-se a bravura dos que sobrevivem

Poetas já nascem sorrindo, com semblantes tristes

A travessia é a sua própria vida, o barco a grande esperança.

Contempla os desiquilíbrios com naturalidade

Tudo é passageiro inclusive o que escreve

o que lê, o que fala, o que vê.

A grandeza dos abastados, a miséria dos humildes

Tonalidades iguais sob um mesmo por do sol.

Indiferente à natureza

As dores do homem

As desigualdades

Os desamores

Ou

Os amores.

Os dentes do tempo mastigarão tudo tendo um só sabor

Engolirão as d 'esperanças e a escuridão

Como se tudo fosse parte de um mesmo cardápio.

Sabedorias, almas, espíritos, inteligência

Tudo num grande começo

Tudo num grande final.

Apesar de tudo isso fica a gratidão pelos dias vencidos e a esperança pelos dias que virão.

Isso é uma outra grande história: pertence à Deus.

Robertson
Enviado por Robertson em 30/04/2021
Reeditado em 02/05/2021
Código do texto: T7245258
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