Garrafa ao mar
Trinta anos atrás quando tive que ir embora tinha punhos raivosos, lágrimas e bandeiras clandestinas
Não sabia de misérias e miseráveis, nem da quietude do silêncio daqueles que ferem com palavras de sangue
Quando tive que ir embora, a noite era côncava e o otimismo ainda não era uma falência nem uma falácia, e agora que estou exumando memorias, vejo como e aterradora essa imagem no espelho
Trinta anos atrás eu não era meu verdugo, e não ibernava em meus pesadelos, o amor e o ódio seguem vivendo intransigentes, desnudando meus fantasmas
Agora o asombro e inútil, e a tentação da desordem e dos versos e um refúgio, como uma garrafa ao mar tirando o banal do meu horizonte...