DESAFETO
Sacio a anciã de viver,
é tempo de se entregar
e não ligar para os tropeços alheios,
a partir de certa idade
tudo passa a ser elementar
no cavalgar da existência.
Aprendemos a perder,
para que a máquina possa girar,
no gira mundo dos dias,
alguém tem que ganhar.
Luzes acenderão
nas ruas da solidão,
todo o coração invade
até a malvada da saudade.
A noite é imensa
nos telhados tristonhos
tudo cansa nada compensa
até os curtos sonhos
pesam na cumeeira.
Mas é preciso seguir
A vida está aí,
Procuro um fio de paz
no silêncio de prece
que do céu desce
e nada se desfaz.
Sacio a anciã de viver
entregando-me a você...
valorizo a vida
em toda e qualquer investida,
não sou um suicida.